O Espelho das Almas Perdidas

 


O Espelho das Almas Perdidas

Em uma pequena cidade bem no interior do Rio de Janeiro, cercado por uma floresta densa e sempre coberta de névoa, havia uma lenda antiga sobre o "Espelho das Almas". Diziam que ele não refletia apenas o que estava à sua frente, mas também ecos das almas que haviam partido e não encontrado paz. 

As histórias sobre o espelho eram quase sempre sussurradas pelos mais velhos, e poucos ousavam mencionar seu paradeiro exato.

A última pessoa a ver o espelho foi a jovem Lia, uma garota curiosa que trabalhava em um sebo no centro da cidade. Ao organizar uma pilha de velhos diários, Lia encontrou um mapa antigo, coberto de manchas e rabiscos enigmáticos. 

Ele apontava para uma velha cabana nos limites da floresta, onde, segundo o mapa, o espelho estava escondido.

Atraída por um misto de curiosidade e um estranho sentimento de déjà vu, Lia decidiu explorar a floresta naquela mesma noite. Armou-se com uma lanterna e o velho mapa, e partiu sozinha sob o brilho prateado da lua. O silêncio da floresta era inquietante, interrompido apenas pelo farfalhar das folhas e o pio distante de um corvo.

Depois de caminhar por quase uma hora, Lia finalmente avistou a cabana. Era uma construção modesta, de madeira velha e com janelas quebradas. Ao entrar, um arrepio percorreu sua espinha: o ar estava denso e gelado, como se o lugar tivesse sido congelado no tempo.

No centro do aposento principal, ali estava ele — o espelho. A moldura era feita de um metal antigo, com ornamentos que pareciam representar rostos em agonia. Quando se aproximou, o vidro escurecido pareceu ganhar vida, como uma superfície de água negra onde rostos fantasmagóricos se formavam e desfaziam.

Curiosa, Lia estendeu a mão e tocou a superfície do espelho. Num instante, sentiu uma onda de frio intenso, como se sua própria alma tivesse sido sugada para dentro dele. Ela piscou e, de repente, o reflexo à sua frente era outro. 

Viu-se em um quarto escuro, de onde um homem a encarava com olhos vidrados. Ele movia os lábios, sussurrando palavras inaudíveis.

Assustada, Lia tentou soltar-se, mas o espelho não permitia. Ela sentia que algo estava tentando puxá-la para dentro — uma força invisível que parecia alimentar-se de seu medo. Desesperada, tentou gritar, mas nenhuma palavra saiu. 

No reflexo, o homem se aproximou ainda mais e estendeu a mão em direção a ela, como se quisesse atravessar o vidro.

Foi então que ela entendeu: aquele não era um espelho comum, mas um portal entre o mundo dos vivos e o dos mortos, alimentado por almas em agonia. Em meio ao desespero, Lia lembrou-se de algo que havia lido no mapa — um símbolo antigo que poderia quebrar a conexão. 

Com os dedos trêmulos, desenhou-o na superfície empoeirada do espelho.

O vidro estalou, rachaduras se espalharam e, com um grito surdo, o espelho se desfez em mil pedaços. Lia caiu de joelhos, ofegante, enquanto o reflexo do homem desaparecia, levando consigo o frio sobrenatural que permeava o ambiente.

Ainda abalada, ela saiu da cabana e correu pela floresta, sem olhar para trás. Ela sabia que jamais esqueceria aquela noite. E embora o espelho tivesse sido destruído, a lenda dizia que ele sempre encontraria um novo portador para perpetuar seu poder sombrio…

VÍDEO COMPLETO: O ESPELHO DAS ALMAS PERDIDAS


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